quarta-feira, setembro 24, 2008

Mudança de casa

Depois de algumas "guerrinhas de edição" aqui no Blogger, decidi ir espreitar o Wordpress.

Fiquei impressionado pela facilidade de utilização e comodidade - do ponto de vista de quem escreve, espero que quem lê também concorde.

Por, é oficial: estou a acabar a mudança do blog para Sublegelibertas.wordpress.com.

Espero que gostem da mudança e, se não, favor fazer sugestões...

Abraços e até ali à "porta do lado"

Realidades de papel

"It is becoming clear that Bernanke simply does not get it. Just as he once thought subprime was contained, and has continued to misread the nature and trajectory of the credit crisis, so too he has said that there is a way out of it that involves little or no cost in terms of growth. I'll be charitable and assume he is deluded rather than being dishonest. "
Yves Smith, Naked Capitalism

A senhora citada acima não é estranha a Wall Street. É uma antiga "banqueira de investimento", no ramo desde 1980, com o curso tirado em Harvard. O Naked Capitalism é um dos melhores blogs financeiros da praça (para mim uma "leitura" matinal e aconselho vivamente aos mais interessados nestas matérias que passem por lá para melhor compreenderem o que se passou e o que se está a passar). 
A frase acima citada, ecoa um sentimento partilhado por vários bloggers financeiros de referência (Brad Setser, Barry Ritholtz,...), economistas que viram a crise a aparecer em 2005 (Nouriel Roubini, Keneth Rogoff,...) ou mesmo Bill Poole (Ex-Governador da Reserva Federal de Dallas, que em 2005 avisou que as Goverment Sponsored Enterprises estavam falidas).

"At this juncture, the book is still open on the how the current dislocations in the United States will play out. The precedent found in the aftermath of other episodes suggests that the strains can be quite severe, depending especially on the initial degree of trauma to the financial system (and to some extent, the policy response). The average drop in (real per capita) output growth is over 2 percent, and it typically takes two years to return to trend. For the five most catastrophic cases (which include episodes in Finland, Japan, Norway, Spain and Sweden), the drop in annual output growth from peak to trough is over 5 percent, and growth remained well below pre-crisis trend even after three years. These more catastrophic cases, of course, mark the boundary that policymakers particularly want to avoid."

O "paper" acima citado não foi feito ontem. Foi feito em Fevereiro deste ano. E ilustra de uma forma razoavelmente simples, inclusivé para "não economistas" ou para "economistas amadores", como esta crise não é diferente. Também ilustra um simples facto que tem de ser admitido de uma vez por todos: 
Não será possível evitar uma recessão nos EUA. Esta é alias necessária. Os EUA estão hoje demasiado endividados ao exterior, com uma posição externa insustentável. A única razão pela qual o dólar ainda não cavou um buraco até ao outro lado do planeta (desculpem-me a expressão) é o seu (ainda) estatuto de moeda de reserva, o que, em português corrente significa que os bancos centrais à volta do mundo têm suportado aquela dívida e aquela moeda.

Não estamos a falar de trocos. Só no último ano, os bancos centrais dos países do Golfo Pérsico, União Europeia, China e Japão, mantiveram o "motor de crédito norte-americano" a funcionar. Esta foi a única razão, não a política da Reserva Federal. Os dados são públicos (Flow of Funds Data) e mostram que os EUA têm qualquer coisa como 16 biliões de dólares de divida privada. O que os bancos centrais do resto do mundo na prática têm feito é emprestar dinheiro ao consumidor norte-americano para pagar os juros deste ano (no que Brad Setser, ex-economista do Tesouro Norte-Americano e do FMI, durante a crise asiática, chama de "quiet bailout"). Ao todo, só este ano, o resto do mundo "emprestou" 1000 dólares a cada americano para este servir a sua dívida e manter os mercados de crédito a funcionar.
A única forma de resolver a situação de forma definitiva é aumentar a poupança (e reduzir divida constitui um acto de aumento de poupança) e a única forma é reduzir o consumo. Uma recessão é não só inevitável, como desejável. Não há "boas" soluções para este problema. 

Agora, vamos ser honestos aqui: o recente plano da Reserva Federal é, no minimo, ingénuo. A Reserva Federal quer dar (estão a ler bem, dar) 700 mil milhões de dólares a Wall Street. Para quem têm dúvidas, leiam este post que escrevi sobre o plano, opinião partilhada cada vez por mais pessoas, senadores incluidos. Surge uma pergunta lógica: 
Estará o resto do mundo, leia-se bancos centrais, dispostos a financiar? A verdade é que esta matéria - financiamento dos EUA à custa das reservas de cada país - começa a ser cada vez mais criticada em países como a China e o Japão. E mesmo que estejam, estamos a falar de mais 2000 dólares por americano, em cima dos já 1000 dólares já "entregues". Alguém é ingénuo o suficiente ao ponto de pensar que a taxa de juro exigida não vai subir? 
Não se esqueçam que a taxa juro "indexante" por terras de Tio Sam é a maturidade longa acima de 10 anos - OT a 10 anos e a 30 anos - ao contrário de, por exemplo, a maioria das hipotecas em Portugal.

O erro de Bernanke é a solução que ele, académicamente, acredita ser a melhor. Para ele, o erro japonês foi não ter sido agressivo o suficiente no corte de taxas de juro o mais rápido possível e no auxilio aos balanços bancários. Fora as considerações de risco moral, este raciocinio tem um erro fundamental (sim, estou a arrogar-me ao direito de dizer que um doutorado está errado!): esta crise é uma de desalavancagem (tal como no Japão, entre outras crises semelhantes) e nestas condições o problema não é induzir o consumidor a consumir a crédito - já de si uma aventura perigosa que foi a principal causa deste problema. O problema é induzir os bancos a emprestar. E estes não têm essa capacidade. Toda a liquidez "oferecida" pela Fed (a contagem já vai em 800 mil milhões, e se juntarmos os 700 mil milhões, fazemos 10 por cento da economia norte-americana) é totalmente absorvida por um buraco negro. Outra questão essencial é que, a resposta depois dos anos 30 também não se aplica:
1. Foi feita depois dos activos corrigirem, habitação incluida, algo que ainda não aconteceu nos EUA - o imobiliário ainda está 25 por cento acima da média que devia;
2. Na altura os EUA não tinham a moeda de reserva, pelo que a subsequente desvalorização do dólar não era "inflaccionária" pelo lado as importações.

A politica actual da Fed não tem feito nada para ajudar o norte-americano. Muito pelo contrário, colocou-o numa situação ainda pior. Então qual deveria ser a solução adoptada? Antes demais admitir que não é possivel "evitar a bala da recessão". Esta é, inclusivamente, necessária de modo a reconstituir a poupança. Simplesmente, os americanos consomem demais.

E sobre Wall Street? Aqui fica a minha sugestão:
Temos três problemas básicos aqui em funcionamento - alavancagem excessiva, promovida pelas taxas de juro baixas dos últimos 20 anos e dando origem a empresas "grandes demais para falhar", mercado imobiliário a corrigir e o mercado de Credit Default Swaps.
Antes demais, identificar as empresas "grandes demais para falhar", algo que não é muito dificil de avaliar. Recapitalizar as instituições trocando capital próprio (acções) pelo dinheiro dos contribuintes (a usar a solução "bailout", ao menos que se faça como deve de ser). Podem colocar a questão - tal como Bernanke colocou no Senado, ontem - de que os bancos não vão querer participar. Desculpem meus caros mas, neste caso, não devem ter escolha!
Os accionistas actuais seriam "eliminados" (ou seja, o valor de mercado da empresa seria transferido para o balanço da empresa, recapitalizando-a). Em alternativa, para não ser muito mau, podem dar aos accionistas "deep out of the money warrants" (basicamente, para leigos: opções de compra futura de acções com o preço muito afastado do preço actual, de modo a dar incentivos aos accionistas e gestores, de modo a recuperar o dinheiro, a portarem-se bem). A dívida necessita, obviamente de ser reestruturada. Junior Debt apanha com uma "corte de cabelo" profundo (chama-se na giria "debt haircut", ou seja, divida que vale hoje 100, é cortada, e passa a valer 80, seria um "hair cut" de 20 por cento). Isto porque os obrigacionistas também têm que aprender uma coisa: risco pagasse e due dilligence é essencial.
Senior Debt (a primeira na linha de "pedidos" em caso de falencia) também é reestruturada: Secured Senior Debt deixa de ser Secured (ou seja, deixa de ter um "hipoteca" sobre o balanço). 

Este processo tem duas consequências: permite que empresas alavancadas em ratios de 1 para 40, se recapitalizem (à força, admita-se) e desalavanquem para ratios próximos do 1 para 4, e torna as obrigações destas empresas mais "inseguras". Isto tem um efeito benéfico: se há coisa que se aprendeu, ou se devia ter aprendido em 1998, foi que instituições demasiado grandes são uma "externalidade negativa" para o sistema. A reestruturação acima tornaria as obrigações de empresas "potencialmente grandes de mais para falhar" demasiado arriscadas, subindo o seu prémio de risco. Seria uma especie de "imposto de mercado sobre o tamanho", limitando o crescimento de futuros "gigantes alavancados".

Sobra uma questão: Credit Default Swaps (CDS). São basicamente seguros sobre créditos, mas infelizmente são transaccionadas em Over The Counter - mercados não públicos. A questão aqui não é contra mercados OTC, mas sim tamanho. Muitos produtos quando passam de determinado tamanho, deixam de ser OTC. 
O mercado de CDS hoje vale 62 biliões de dólares (por comparação, o PIB mundial vale 55 biliões de dólares e o crédito total vale 31 biliões de dólares, logo algo vai mal aqui). O problema, além do tamanho é, dado que é OTC, não há "backoffice" centralizado. Ou seja, ninguém sabe quem deve o quê a quem. Obviamente que quando uma empresa grande cai, ninguém sabe quem tem de pagar o "seguro", a Credit Default Swap, logo dão-se desvios sistémicos.
É preciso pegar neste mercado, traze-lo a público, fazer a reconciliação de ordens - ver quem deve o quê a quem - e recolocar o mercado a funcionar...

O resto (descer juros para evitar recessão, dar isto e aquilo a pessoa A ou B) é pura desonestidade... ou em português mais corrente, "venda de banha da cobra"

terça-feira, setembro 23, 2008

Favor aprender a fazer contas!

Preços de venda dos combustíveis
Presidente da Autoridade da Concorrência vai ser ouvido no Parlamento 
23.09.2008 - 17h10 Lusa
A Comissão de Assuntos Económicos da Assembleia da República aprovou hoje por unanimidade a audição urgente do presidente da Autoridade da Concorrência, Manuel Sebastião, pedida pelo PSD, sobre os preços de venda dos combustíveis ao público.

PSD anunciou na quarta-feira da semana passada o pedido de audição urgente do presidente da Autoridade da Concorrência e o requerimento foi hoje aprovado por todos os partidos na Comissão de Assuntos Económicos, faltando marcar a data da audição. 

No requerimento, o PSD referia não se verificar "por parte das gasolineiras um acompanhamento da tendência mundial da descida do preço do petróleo, cujo valor actual é cerca de 50 por cento inferior ao registado há cinco meses". 

Os sociais-democratas pediram por isso "uma nova reunião com o regulador de forma a compreender as razões que explicam tanta demora da reflexão no mercado nacional da actual tendência internacional".


Adorava que alguém me esclarecesse com que calculadora anda a bancada parlamentar do PSD a fazer contas (!!).

Máximo do crude: 147 USD
Mínimo do crude: 91 USD
Variação: -38.1 por cento
Máximo do euro na mesma altura: 1.60
Valor actual do euro no mínimo: 1.40
Variação: -12.5 por cento
Máximo do crude em euros: 91 Euros
Mínimo do crude em euros: 65 Euros
Variação para Portugal tendo em conta variação cambial: -28.5 por cento.

Se alguém me conseguir explicar de onde vieram aqueles 50 por cento, pago-lhe um almoço! 
Além da explicação obvia: de 100 para 150 são 50 por cento, de 150 para 100 são outros 50 por cento. Não são! São 33 por cento e isto não devia ser admitido nem a um aluno do 9ºano (estou a ser simpático)

Regular o que não se deve...

Que houve falhas de regulação no caminho para esta crise isso é evidente. Mas não sei se não se está a colocar a tónica na falha errada (desregulação). A verdade é que muita regulação vigente foi (bastante) mal construída.

Começando pelo Glass-Steagall Act, parcialmente repudiado em 1999 pelo Gramm-Leach-Bliley Act, no que diz respeito à exigência da divisão de facto entre banca comercial e banca de investimento. Eu não diria que esta - o fim do Glass-Steagall Act - é a causa do actual descalabro. Muito pelo contrário. Passo a explicar:
A divisão clara que era obrigatória pelo Glass-Steagall Act cria, na minha opinião, uma acrescida pró-ciclicidade no balanço dum banco. E aqui discordo profundamente do que dizem: o modelo que ruiu não foi aquele previsto num mundo sem "Glass-Steagall" (um mundo de "Broad Banking") mas sim um mundo em que este estaria ainda em vigor: o mundo do Banco de Investimento independente. Foram exactamente esses que falharam, e os dois que sobraram foram no fim de semana, rapidamente passados a "banking holding".
Reparem bem nas diferenças entre a UE e os EUA: o modelo de Wall Street era exactamente único a Wall Street. Não existem na Europa Bancos de Investimento "independentes", mas sim, divisões de Banca de Investimento 
integradas numa holding bancária "tradicional". Os problemas do Barclays, RBS, Deutsche Bank, UBS e HSBC, foram as suas divisões de investimento. A Europa é um mundo bancário sem "Glass-Steagall".

E se pararmos 2 segundos - e nos afastarmos desta guerra preto-branco, socialistas-libertários - vemos que a separação entre um e outro - o modelo que morreu no fim de semana em Wall Street - é mau para o sistema. Uma divisão de investimento tem um aumento de fluxo de caixa - estou a simplificar - em épocas de crescimento. Mas em épocas de abrandamento, as pessoas tendem a tirar o dinheiro de investimentos e colocar nas suas contas à ordem e a prazo. Logo isoladamente os balanços são prociclicos, mas são-no em épocas diferentes: em Bull ganha o banco de investimento, em Bear ganha o banco a retalho, para simplificar. Torna-se então obvio: a separação dos dois aumenta o risco. O Broad Banking reduz o risco no balanço agregado. E veja-se a europa: a UBS safou-se, enquanto banco, porque a sua divisão de investimento teve "onde cair" - são os maiores wealth managers do mundo. O Deutsche Bank idem idem aspas aspas. Por contraponto, a Bear Stearns e a Lehman Brothers não tinham onde cair. Globalmente, eram pró-ciclicos, mas separados de uma unidade comercial: tal como estipulado pelo Glass-Steagall, embora já não em vigor.

Mas note-se também que a culpa do subprime não morre solteira em Wall Street, no que diz respeito ao Subprime. E se ninguém contesta o efeito (nocivo) da politica do Sr. Allan Greenspan (um dos pais desta alhada), frequentemente esquecemo-nos que Wall Street não criou o motor do subprime unica e exclusivamente por ganancia:

O Carter assinou o  Community Reinvestment Act que proibia os bancos de restringirem as suas ofertas de crédito a segmentos seguros e obrigando-os a alargarem-no ás chamadas «minorias», de mais elevado risco;

Clinton segue e alargou significativamente a base  do CRA, baixando significativamente os requisitos para se obter empréstimos, possiblitando e incentivando a concessão de emprestimos imobliários;

O Bush "filho" aprovou o The American Dream Downpayment Initiative que visava apoiar financeiramente a compra de casa por quem não reunia as condições para a obtenção de um empréstimo imobiliário, pretendendo, em cinco anos «criar 5 novos milhões de proprietários».

Por muito nobres e bem intencionados que foram (ou talvez, simplesmente eleitoralistas e populistas), esqueceram-se duma regra básica: risco pagasse! Mas na impossibilidade de "cobrar" esse prémio de risco, surgiu uma invenção: o modelo originação e distribuição. A culpa não morre mesmo solteira aqui.

No entanto concedo que falhou uma regulação: ainda estou para perceber por que raio as Credit Default Swaps ainda são OTC. Não me confundam, acho que um mercado OTC (desregulado, como OPEX, em Portugal) é extremamente útil. Permite a empresas pequenas financiarem-se e terem acesso a capital que de outra forma não teriam. O problema é tamanho. E isso vesse: quando uma empresa adquire tamanho > n, passa para mercado "normal", passo a expressão, saindo de OTC. Isto faz sentido: size matters, os mercados são sistemas complexos, e como tal adquirem assimetrias de informação. Essas assimetrias devem ser combatidas, sob pena de "destruirem" o mercado (selecção adversa, problema principal-agente). O que eu não entendo é como é que se deixou que as Credit Default Swaps - um instrumento válido e com sentido - ganhassem o tamanho que ganharam 
permanecendo em OTC. Não há informação, logo o mercado "treme" sempre com a possibilidade de um unwind de CDS com uma grande falencia. Ninguém sabe quem deverá o que a quem... e aqui, os reguladores falharam de uma forma muito grave!

sábado, setembro 20, 2008

Como retirar uma porca da engrenagem...

Nada é mais destrutivo que um político em pânico. Isto é especialmente verdade em ano de eleições!

Embora concorde que, por vezes, a psique humana se sobrepõe – parcial ou totalmente – aos fundamentais, o que se passou ontem é grave e altera fundamentalmente essa premissa de análise.
Vamos lá ver as reais implicações da já famosa “proibição ao short selling”, anunciada pela Securities and Exchange Commission (SEC), o regulador do mercado bolsista norte-americano.
Ao contrário do que circula por aí, o short selling não só não é mau, como é uma peça essencial neste processo que é o mercado. Da mesma forma que quem considera uma acção subavaliada pode “comprar” essa acção, exercendo pressão conjunta para “alinhar” o preço actual com um “justo” (por justo, entenda-se, ditado pela força do mercado), o mesmo raciocínio aplica-se ao short selling. Mais grave ainda, o short selling é a principal ferramenta para redução da “assimetria” num mercado. Se toda a gente apenas executar compras, os preços tornam-se bolhas. Também é uma parte essencial no processo de arbitragem entre acções de vários mercados: por exemplo, empresas cotadas ao mesmo tempo na Europa e nos EUA. “Shorta-se uma, compra-se a outra” é o mecanismo que mantém as acções com o mesmo “valor”, e é isto que se chama arbitragem.

Short selling é também um dos principais mecanismos de redução de risco num portfólio. Se a alguns isto não parecer fazer sentido, pensem no seguinte: imaginem que vocês consideram que as empresas do S&P500 estão saudáveis (não estou a fazer considerações sobre se estão ou não... o ponto é o processo), mas não têm confiança nenhuma nos bancos. Imaginem que vocês querem ter exposição ao índice – não tendo carteira para comprar as 500 acções. Compram o CFD ou o ETF. Mas não vos faz sentir muito bem saber que 30% – proporção das financeiras nos resultados totais do S&P500 – daquilo é potencial downside de bancos (outra vez, não estou a fazer considerações que sim ou que não). Então “shortam” bancos, ou melhor ainda, “shortam” o índice/ETF dos bancos, na proporção de 1/3 da vossa posição.
Assim, vocês têm um portfólio imunizado ao sector bancário, mas sujeito aos movimentos das restantes empresas. Note-se que, muito poucos investidores são “short sellers” puros, mesmo os hedge funds. Isto porque, enquanto que em long o limite é +infinito, em short o limite é +100% (abaixo de zero não vão, como é óbvio). O short selling é usado como imunização e cobertura de risco por 90% do mercado com volume. É, alias, uma actividade mais perigosa devido a squeezes. Bem, esta ferramenta acabou de desaparecer...

Mas mais grave ainda são as consequências para o mercado de opções.
Opções são um dos derivados mais importantes, a par dos futuros. Dão-vos o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um activo a preço x, em época y. Dão-vos certeza num ambiente de incerteza. A liquidez primária é market makers e especuladores que tomam a posição contrária. Mas mesmo a “especulação” é bastante mortal (mais mortal que forex). Quem negoceia warrants (ou como eu, já negociou) sabe: 99% morre sem valor, ou apanham com grandes perdas.
O mercado de opções também é uma enorme fonte de informação. O famoso VIX é calculado a partir da volatilidade implícita das options sobre o S&P500. Mede o prémio pago nas puts (opções de venda, onde quanto maior a volatilidade, maior o preço a pagar pela protecção), pelo que é a medida por excelência de risco. Muitas probabilidades, preços e medidas de risco são extraídas dos preços e volatilidades implícitas das opções. O problema aqui é que, de modo ao mercado de opções operar correctamente é condição necessária haver short selling! Passo a explicar: quando vocês querem protecção, o market maker tem que fazer um hedge ao seu “livro de ordens”. Se não o fizer, ele tem de vos cobrar um prémio mais elevado, tornando a protecção mais cara e, por consequência, tornando o mercado mais arriscado. A forma pela qual ele, market maker, faz isto é via short selling da acção subjacente.

 É por isso que as “protecções” têm preços razoáveis.Se não existir short selling, além de secar a liquidez no mercado (pensem no mercado de warrants em Portugal, para terem uma ideia de um mercado de options não líquido e manipulável), introduz prémios mais elevados nas puts. Pela put-call parity (uma put pode ser convertida numa call, uma opção de compra, e vice versa), torna as calls mais caras. No limite, isto pode levar a uma disrupção parcial ou total do mercado de opções, uma peça fundamental na gestão de risco.
E se as pessoas não podem, ou não têm dinheiro para cobrir os seus riscos – seja por não poderem shortar ou pelas puts estarem caras demais –, isso significa que preferem não comprar, dado que o investidor médio é avesso ao risco. E a ausência de compradores também provoca quedas, dado que quem que “oferecer”/vender, tem de ir baixando o preço à procura de alguém!
Uma outra nota importante da ausência de short sellers é que, em quedas, estes são os únicos que estão a comprar. À medida que o preço vai descendo, eles vão profit taking – comprando –, amparando a descida. À medida que esta abranda outros short sellers seguem na cobertura. O short selling tem uma função de “almofada”, almofada essa que não existe neste momento... Esta disrupção poderá significar o fim de muitos fundos, não só long-short hedge funds, mas fundos 130-30 e fundos de arbitragem, cujas contas estão precisamente em bancos importantes como a Goldman Sachs ou a Morgan Stanley (e a última coisa que estas firmas precisam é que fundos de investimento as forcem a encerrá-las).

Uma má ideia nunca vem só


Sobra uma questão, que muitos poderão fazer: os bancos, com isto, não vão descer mais?! Bem, isso não é necessariamente verdade. O problema reside no RTC-II. Para quem não sabe, o RTC-II é o Resolution Trust Corp, versão 2. Versão 2, porque a primeira versão surgiu no final dos anos 80, início dos 90. Quando as Savings & Loans faliram, a FDIC – a “seguradora” dos depósitos – ficou com imensos activos nas mãos. O RTC “original” serviu para vender esses activos no mercado aberto, e recuperar algum dinheiro perdido pelos contribuintes.


O problema aqui é que, embora tenha o mesmo nome – ao que parece vai ter, ainda não está confirmado –, é fundamentalmente diferente.
No último trimestre de 2007 surgiu a ideia do MLEC, também conhecido como “Super SIV”. Na altura em que o mercado de papel comercial falhou, pensou-se em criar um super fundo para armazenar o papel que o mercado não queria – ou pelo qual não estava disposto a pagar um preço alto. Note-se que este papel caiu, não por influência de “short sellers”, mas sim pela ausência total de compradores, forçando os “market makers” a anunciar bids sucessivamente mais baixos, de modo a descobrir alguém disposto a comprar.

A ideia falhou por duas razões fundamentais.
1• Os potenciais vendedores queriam “preços justos” – justos para os seus balanços, entenda-se;
2• Os potenciais compradores não estavam dispostos a oferecer “preços justos”, pois consideravam que estavam a pagar demais por “lixo”.
Ora, o RTC-II é a mesma ideia, mas agora em grande – a proposta de lei prevê um valor total de 700 mil milhões de dólares. E com uma diferença fundamental: desta vez é o contribuinte americano que vai para o “lugar do morto”.


Mas a grande questão nem reside aqui, mas sim no preço dado. Muitos bancos moveram muito deste papel – que já não transacciona – para Level 3 assets, ou seja, mark to model. Isto é uma grande palavra para “cria-se um modelo que dê o preço que nós queremos que isto valha”. Muitos bancos têm mais “dinheiro” aqui do que na conta de capital próprio dos seus balanços (a Goldman Sachs e a Morgan Stanley, por exemplo, estão nesta situação, entre outros). A desculpa, autorizada pelos reguladores, é “não existirem preços públicos”. Ora, o RTC-II divulgaria um preço “público”, e forçaria perdas nesta parte do balanço. A única maneira de evitar este cenário era não divulgar o preço das “compras” do RTC-II. Mas isto constitui dois problemas adicionais.
Em primeiro lugar, a confiança no sistema. Isto é, o “livro de regras do Japão”; e todos sabemos como essa feliz história acabou, com uma pequena diferença: o Japão tinha 30% de taxa de poupança. Os EUA são dependentes de “financiamento externo” e, em última análise, do seu Rating AAA

Ou melhor, da percepção do seu rating, porque mesmo que não o alterem, alguém julga que os investidores não vão exigir maiores prémios de risco, depois de medidas dignas de países como a Rússia, o Paquistão ou a Venezuela?


Em segundo lugar, não divulgando os preços, o RTC-II terá obrigatoriamente de exigir posições accionistas em troca (há mesmo quem argumente que isto acontecerá de qualquer maneira, porque os bancos serão descapitalizados pelas recentes medidas tomadas). Ora, isto significa uma coisa: diluição dos actuais accionistas. E para os que estão a pensar “diluição” pensem “preço desce”. Lembrem-se dos aumentos de capital dos bancos britânicos e o efeito no preço das acções dos mesmos, que desceram porque foram diluídas. A única diferença aqui é que o “subscritor” é o Estado.
E não se esqueçam que não há ninguém para amparar a queda, fazendo profit taking durante essa diluição, e as puts estão mais caras, pelo que a percepção de risco aqui irá ser maior, criando um efeito bola de neve no aumento do prémio de risco norte-americano.
É por tudo isto que, fazer contas ao fim da crise ou ao fim das descidas na bolsa, neste momento, é um exercício de “leitura de folhas de chá”, ou futurologia educada. O dólar estará sobre pressão, apenas com os bancos centrais do mundo como suporte, o mercado de opções pode ter disrupções, os hedge funds podem liquidar, preços podem ser descobertos...


O que se fez e anunciou sexta-feira, atrevo-me a dizer que ficará para a história como um dos maiores erros de intervenção, a par da descida até 1% por parte de Greenspan, ou a política japonesa durante a crise deles.
No entanto, espero, honestamente, estar profundamente errado!

quarta-feira, setembro 17, 2008

Comentário a Miguel Frasquilho

O seguinte post é o comentário que deixei ao segunte post do 4R - Quarta República:

"Caro Dr. Miguel Frasquilho,

 

Tenho o maior respeito intelectual por si, mas não posso concordar com as suas afirmações neste post, onde argumenta que a politica monetária actual do BCE é incorrecta, em oposição à política correcta da Reserva Federal (Fed).

 

Antes demais, se é verdade que os preços do crude WTI e Brent desceram bastantes desde os máximos, estando hoje abaixo dos 100 USD/barril – fruto da redução de quase 3 milhºões de barris/dia no consumo mundial no 1º Semestre de 2008 – e que Trichet sempre frisou a sua preocupação pelo efeito que o aumento de 2007 teria sobre a inflação da UE, a tónica do BCE, em todas as conferencias de imprensa recentes, foi sempre nas “expectativas de inflação” e nos “efeitos de segunda ordem”.

 

Trichet tem dito, quase até à exaustão, que o que o preocupa – correctamente na minha humilde opinião – é as “expectativas de inflação” que se entrenham no sistema via mercado obrigacionista – premios das obrigações de longo prazo. Alias, é conhecida a história dos anos 70 nos EUA: o problema eram as expectativas de inflação futura, que estavam de tal forma entranhadas na mente das pessoas, que a única forma de sair do problema foi aumentar a taxa Fed Funds para níveis a dois digitos e induzir uma recessão.

Não nos esqueçamos, em perfeita honestidade, um facto por demais referido pelo Sr. Trichet e que poucos poderão contestar: O mercado laboral europeu é muito mais rigido que o americano. A força dos sindicatos e da contratação colectiva faz-se sentir de forma mais alargada, e as renegociações salariais “indexadas” à inflação, embora que não de forma explicita, introduzem um mecanismo de espiral inflacionária que qualquer economista sabe e reconhece: os conhecidos “efeitos de segunda ordem”, que o BCE tem vindo a alertar, desde às uns largos meses a esta data.

 

É preciso também dar a cada um o seu: o primeiro banco a intervir em Agosto de 2007 – quando dois fundos da extinta Bear Stearns “implodiram”, dando começo à “crise do subprime” – foi o BCE, não a Fed. Alias, o BCE um ano antes tinha conduzido uma “simulação de preparação” – os mais militaristas podem chamar-lhe de “jogos de guerra” – vendo as possiveis reacções a uma crise “imaginária”, curiosamente (coincidencia) com os mesmo contornos da que se viria a desenrolar em Agosto do último ano.

 

Também é preciso referir que, até à data, todas as acções de politica monetária da Fed, além de altamente criticadas por alguns sectores do lado de lá do Atlântico – e não me refiro apenas ao libertário congressista Ron Paul – poucos efeitos produziram.

 

Por exemplo, e de forma algo privisivel e prevista por alguns analistas/ comentadores/ intervenientes no mercado, as taxas de juro das hipotecas pouco ou nada se alteraram. Uma hipoteca a 30 anos continua com taxas de juro de 5.81 por cento – valor actualizado à hora a que escrevo – perto do máximo de 1 ano. E não nos esqueçamos dum facto: a larga maioria das hipotecas nos EUA estão indexadas a maturidades acima dos 15 anos, não estão nas maturidades curtas, como por exemplo, em Portugal.

 

As taxas do mercado monetário também estão bem acima da taxa de referencia, um claro indicio de que a politica monetária seguida, em pouco ou nada ajudou. E mais importante, à altura desta escrita, a obrigação a 1 mês – que por norma se encontra próxima da taxa central – está neste momento com uma taxa de juro 0.30%, depois de ter estado durante o inicio da tarde “alegremente” nos 0.03%. Relembre-se a quem não é de Economia que a Fed baixa as taxas de juro “comprando” T-Bills no mercado (via a Fed de Nova Iorque), mas que se essa taxa estiver abaixo da sua, então não tem espaço para baixar as taxas. A estes niveis a condução de politica monetária torna-se ineficaz.

Também note-se que hoje a Fed foi autorizada a expandir o seu balanço em 40 mil milhões de dólares, no que se traduz na “impressão de notas”, factor inflaccionário, como sabe tão bem como eu.

 

E se, pelo lado do ajudar o consumidor endividado norte-americano o efeito foi próximo do zero, o mesmo não se pode dizer sobre o Dolar. E dado estatuto de reserva dessa moeda, a consequência prática foi um (dizem alguns, expectável dada a politica seguida pela Fed) aumento da inflação. A não ser que se acredite nos dados dos últimos três trimestres de PIB americano, com um deflator de preços a rondar os 1%, uma brincadeira matemática engraçada para esconder o que todo o americano já sente: uma recessão.

 

A Poltica da Fed tem sido tão boa, ou tão má, que as Credit Default Swaps (para quem não é economista – seguros sobre obrigações, o preço mede o risco percepcionado pelo mercado) sobre os EUA está a 0,30% - o dobro de países como Finlandia ou Austria. É curioso no entanto que dois países sob a egide monetária do BCE – Alemanha e França – são hoje considerados a par do Japão, os mais seguros do mundo.

 

Já para não mencionar o dobrar das regras como, permitir que os bancos usem depósitos para financiar as suas divisões de investimento, ou que possam financiar em mais de 10% as suas filiais ou, aceitar como colateral para empréstimos de liquidez todo o tipo de activos abaixo de investment grade (abaixo de rating AAA para os não economistas), tornando o balanço da Fed num autentico “show de terror” (também conhecido com “armazém de lixo tóxico).

 

No que diz respeito à recessão americana versus recessão europeia: que vamos ter uma, ninguém contesta. Agora, argumentar que a deles vai ser melhor é no minimo falacioso. Estamos a falar de um país com 0% poupança, sobre endividado ao resto do mundo, com deficits gemeos. E a verdade é que a actual politica da Fed conduziu a maiores taxas de juro – seja nos EUA, seja no exterior a emprestar aos EUA, com um maior premio de risco. Estamos longe do fundo na habitação, os inventários de casas não vendidas estão em máximos históricos.

Do lado europeu, embora com problemas – em especial o “Clube Med”, cuja responsabilidade económica e fiscal foi próxima de nula – a verdade é que:

  1. Os problemas no sector bancário estão a ser resolvidos pelo BCE com injecções de liquidez (o que não quer dizer que o BCE não tenha razão quando afirmou na última reunião que não está disposta a aceitar “lixo” como colateral, ao contrário da Fed),
  2. Taxas de juro a 4% quando a headline inflation está a 3,8% não é uma politica restritiva,
  3. Os dados vindos da Alemanha este mês indicaram um abrandamento muito menor que o esperado.

 

Existe também um ponto onde discordo totalmente consigo: a utilização de taxas de juro para impedir recessões. Isso seria o equivalente a fazer um contra fogo com Napalm, no meio do pinhal de Leiria.

 

Na minha humilde opinião,  a questão central numa recessão é a dor que implica.

Os agentes (alias, os seres humanos) só aprendem com os erros, quando estes inflingem dor. Senão, estamos a reforçar o processo mental do erro - psicologia 101: o cerebro é preguiçoso e reforça actos repetitivos se não vir mostras de falha no processo - falha essa que é tomada visivel ao mesmo pela via DOR (não me estou a refirir a dor fisica ou ir parar debaixo da ponte, obviamente).

É o mesmo com a poupança: as pessoas só aprendem a poupar "depois" de passarem dificuldades e se virem forçados a reavaliar as suas prioridades – algo que por exemplo em Portugal estão um pouco... trocadas.

É exactamente por a Economia ser feita de pessoas que o processo de transmissão de dor (vulgo, recessão) não deve ser evitado (embora deva ser minimizado... subsidio de desemprego é sempre preciso, ninguém quer ver pessoas debaixo da ponte). Se fossem robots bastava programar a taxa de poupança e consumo e deixar um programa fazer o processo de feedback.

 

Alias, despejar dinheiro em cima de um problema que começou exactamente por excesso dele é no minimo irresponsável. Vejamos por exemplo a AIG, para quem não percebeu o que se passou:

O problema da AIG, e das seguradoras em geral, é que o business model deles acenta no alinhar de activo e passivo. De forma simplista, temos um stream previsivel de "claims" (seguros a pagar) e temos cash flow na forma de premios. Pegasse nos premios e procurasse activos seguros que dêm um cash flow que seja igual ou semelhante às claims (dai nunca irem à falencia... é o melhor negocio deste planeta). O problema foi que em 2002/2003 as obrigações estavam com taxas de juro enterradas no chão porque Greenspan desceu as taxas até 1% (para impedir a recessão, dirão alguns). Não havia obrigações "seguras" para fazer o match dos passivos e cash flows, logo eles meteram-se em CDOs e MBSs (o que explodiu em agosto) e começaram a emitir seguros sobre obrigações (credit default swaps, um mercado que NÃO devia ser Over The Counter, e aqui temos uma enorme falha de regulação!!!)... o resto é mera consequência.

 

E para quem está a pensar, “então a solução é fazer nada?”:

A alternativa? A ir por uma solução "social" (ou seja, não estando disposto a deixar o mercado corrigir sozinho, o que pode ser "violento", como deixaram na Coreia do Sul) então que se faça como os suecos no inicio dos anos 90 - eles tiveram uma crise semelhante:

1. Todos os bancos foram informados que tinham x dias para revelar TODAS as perdas;

2. Avaliar quem precisa e deve ser salvo e quem deve falhar;

3. Quem é salvo, é "nacionalizado", o dinheiro inserido dos contribuintes torna-se acções, os restantes accionistas são "limpos do mapa";

4. Limpasse a loja, partindo em bocados quem é grande demais;

6. Deixasse o mercado limpar o resto;

5. Voltasse a privatizar - se tudo correr bem o contribuinte ainda acaba a recuperar/ganhar dinheiro, como aconteceu na suécia...

 

Isto aconteceu em 1992, se não estou em erro. Curiosamente não ouvimos falar em bancos suecos no Subprime. 

E não foi preciso sobre-regulamentar os bancos, apenas inflingir dor no processo "de salvamento". Não se devem dobrar as regras. Não se deve distorcer as normais decisões de investimento e poupança. A salvar, não se devem enfraquecer as instituições mais fortes para impedir que as mais fracas falhem - senão arriscaste ao fenómeno japonês: de 94 a 96 forçaram casamentos, em 97 aperceberam-se que já não havia instituições "fortes" e que tinham enfraquecido o sistema no processo - e os fortes casados tornaram-se grandes demais para falhar. O sistema teve de ser salvo por inteiro. 15 anos de "estagnação" e taxas a zero por cento foi o preço do erro (e é publico que eles admitem que foi um erro!).

 

Por tudo isto, eu pertenço aos (poucos) que afirmam: Graças a Deus que neste momento temos alguém com coragem à frente do BCE!!"