quinta-feira, julho 22, 2004

Santana Lopes e Governos pequenos

Embora filiado e militante activo do PPD/PSD não sou "Santanista". Sou inclusive critico dos seus inumeros exemplos de gestão pública das Camaras de Lisboa e Figueira da Foz. Não concordei obviamente que ele fosse a melhor opção do Partido Social Democrata para substituir Durão Barroso.

Aquando da indigitação, por parte do Conselho Nacional do PPD/PSD, de Santana Lopes para ser o nome do partido para ser nomeado, de acordo com a constituição, Primeiro-Ministro(e não, não estou a dizer que o Conselho Nacional do PPD/PSD nomeia os Primeiros-Ministros da nação, apenas o faz quando o Partido vence eleições legislativas.), Santana anunciou um Governo mais pequeno.

Confesso que a determinada altura tive esperança. Sá Carneiro também teve os seus momentos menos bons mas quando chegou a Primeiro-Ministro soube pôr o País acima do Partido e das suas ambições e vicios pessoais. E aguardei, que nem S. Tomé, o elenco governativo. Contas feitas são 19 Ministros, 38 Secretários de Estado e um sem numero de futuros "aspones"(brasileiro para "assessor de porra nenhuma"). Bem visto, o problema nem é o numero de Secretários de Estado, simples consequência do verdadeiro problema, o numero de Ministros. Será que não há consciência que 19 Ministros para um país como Portugal é Ministro a mais, e que tão grande numero só surge em virtude de clientelismos partidários e amizades?

Santana Lopes foi nomeado pelo Presidente da Republica Jorge Sampaio Primeiro-Ministro para garantir a estabilidade governativa do país, tendo em conta que a Assembleia ainda proporcionava uma solução estavel. Tal decisão tinha por detrás uma premissa tão básica que se resume ao facto de este Governo servir para dar continuidade ao anterior(quer se concorde ou não com a politica anterior, tal está fora de questão, e não puxem o argumento das Europeias onde 2/3 do povo português não se pronunciou!). Ao invés disso temos um governo que vai demorar pelo menos 3 a 6 meses a entrar em plena actividade pois mudou-se ministerios(desagregaram uns quantos, criaram outros, sem qualquer nexo racional)e colocaram-se pessoas em pastas sobre as quais nada percebem.

O Povo diz que "O que começa torto, tarde ou nunca se endireita". O Povo diz isso e com razão. Este Governo começa mal e promete acabar ainda pior. Desejo, para o bem do País, que me engane!

PS: Peço desculpa pelo lapso. Durão Barroso já não é Durão Barroso mas sim José Manuel Barroso, hoje eleito Presidente da Comissão Europeia pelo Parlamento Europeu. Como as coisas mudam quando se muda de cargo.


1 comentário:

Anónimo disse...

É verdadeiramente fácil criticar alguém pela incoerência (de facto anunciar um governo mais pequeno e apresentar um nem sequer um governo com o mesmo número de membros é incompreensível), mas daí a diabolizar governos por serem maiores que os antecessores ou terem uma orgância distinta é ir um passo longe demais.

Começando pelo fim, não faria sentido que Santana, ainda que "preso" ao mesmo programa e apresentando-se como a continuidade natural, teria sempre de moldar o novo governo à sua própria visão e às suas prioridades, adequando-o às pessoas que escolheu para integrar o novo Executivo.

Não há um número óptimo de ministros para Portugal (nem para qualquer outro país), já que o elenco do Governo dependerá sempre da forma pretendida para liderar a sua política; esta "moda", influenciada certamente pela demagogia de um governo mais pequeno é menos dispendioso acaba por ser uma falácia: lógicamente está correcto, mas na prática poderá não corresponder à verdade, pois poderá conduzir-nos a ganhos de eficiência mensuráveis apenas no médio prazo.